Morfologia e mudanças costeiras da margem leste da Ilha de Marajó - (PA)

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27-02-2003

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EL-ROBRINI, Maâmar Lattes

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FRANÇA, Carmena Ferreira de. Morfologia e mudanças costeiras da margem leste da Ilha de Marajó - (PA). Orientador: Maâmar El-Robrini. 2003. 144 f. Tese (Doutorado em Geologia e Geoquímica) - Centro de Geociências, Universidade Federal do Pará, Belém, 2003. Disponível em: http://repositorio.ufpa.br:8080/jspui/handle/2011/8176. Acesso em:.

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A margem leste da Ilha de Marajó (Estado do Pará) apresenta uma diversidade de feições morfológicas, resultantes das oscilações relativas do nível do mar, da neotectônica e da dinâmica costeira, durante o Cenozóico Superior. As variações do nível do mar, do Mioceno ao Holoceno, controlaram a deposição da Formação Barreiras e dos sedimentos Pós-Barreiras, que formam o planalto costeiro, e dos ambientes sedimentares que constituem a atual planície costeira. As estruturas neotectônicas regionais, representadas pelos sistemas de falhas transcorrentes NE-SW e de falhas normais NW-SE, influenciam, em nível local, a distribuição das unidades de relevo e o traçado retilíneo ou anguloso dos principais cursos fluviais e da linha de costa. A compartimentação do relevo costeiro mostra duas principais unidades: o planalto e a planície costeira. O planalto costeiro representa um relevo aplainado com suaves ondulações e cotas topográficas entre 5 e 15 m. O contato com a planície costeira é abrupto, formando falésias “mortas” e ativas. A planície costeira constitui um relevo plano e de baixo gradiente, com cotas abaixo de 5 m, o que favorece as inundações pela maré e a mobilidade sedimentar. As mudanças costeiras de longo período, relativas aos últimos 5.000 anos, resultaram na progradação da linha de costa, sob condições regressivas ou de mar estável, durante o Holoceno, com o desenvolvimento de planícies de maré e manguezais, e posterior retrogradação com migração de cordões de praias e dunas sobre depóstitos de maguezal. As sucessões estratigráficas Progradacional e Retrogradacional da planície costeira de Soure, são condizentes com a Sucessão Regressiva ou de Mar Estável (S2) e com a Sucessão Transgressiva Atual (S3), do modelo evolutivo proposto para as planícies costeiras de Bragança, Salinópolis, Marapanim e São João de Pirabas. A dinâmica costeira de médio período (1986/2001) é representada por mudanças morfológicas, resultantes da ação interativa de processos gerados por ondas, correntes, marés e ventos, que acarretaram a variação na posição da linha de costa. A costa de Soure e Salvaterra esteve submetida, nos últimos 15 anos, ao predomínio de processos erosionais, caracterizados pela retrogradação da linha de costa. O total de áreas erodidas variou de 0,89 km2 (1986/1995), para 0,38 km2 (1995/1999) e 0,75 km2 (1999/2001). Enquanto que as áreas em progradação somaram 0,21 km2 (1986/1995), 0,32 km2 (1995/1999) e 0,08 km2 (1999/2001). As mudanças costeiras de curto período envolvem a variabilidade morfológica e granulométrica dos perfis topográficos praiais de Soure e Salvaterra, entre os períodos chuvoso e o seco, monitorados em 2001. As mudanças sazonais representam uma resposta dos perfis praiais às variações de amplitude das marés, de energia das ondas, correntes de maré e ventos, à disponibilidade de sedimentos, à compartimentação e ao gradiente costeiro. Em Soure, a fase erosiva (fevereiro e abril, período chuvoso e de maiores sizígias da região), mostrou: retração da linha de maré alta (21 m), diminuição da pós-praia (13 m), deslocamento paralelo das zonas de estirâncio, perda sedimentar, aumento granulométrico (2,81 a 2,94 ϕ, areia fina), e melhoria da seleção (0,24 a 0,33, muito bem selecionado). A fase acrecional (julho a novembro, período seco e de ventos mais fortes), apresentou: extensão da linha de maré alta (82 m), alargamento da pós-praia (48 m), ganho sedimentar (+339,25 m3), diminuição granulométrica (2,86 a 3,10 ϕ, areia fina a muito fina) e piora da seleção (0,28 a 0,40, muito bem a bem selecionado). Em Salvaterra, a fase acrecional (fevereiro e abril) mostrou: extensão da linha de maré alta (29 m), alargamento da pós-praia (13 m) e aumento do volume praial. No perfil 1, houve aumento granulométrico (0,84 ϕ, areia grossa) e piora da seleção (0,51, moderadamente selecionado). No perfil 2, ocorreu afinamento do grão (1,49 ϕ, areia média) e melhora da seleção (0,44, bem selecionado). A fase erosiva (julho e novembro) mostrou: retração da linha de maré alta (25 m), diminuição da pós-praia (8 m), perda sedimentar (-22,67 m3), troca de material entre a parte superior e inferior dos perfis, afinamento do grão (1,39 ϕ, areia média) e piora da seleção (0,52, moderadamente selecionado). A vulnerabilidade da zona costeira aos riscos naturais decorre do predomínio dos processos erosivos, nos últimos 15 anos. O zoneamento geoambiental resultou da integração dos dados morfológicos com a análise dos geoindicadores de mudanças costeiras e dos níveis de interferência antrópica. Apresenta a seguinte classificação: áreas de preservação permanente (manguezais, praias e dunas), áreas adequadas à ocupação (planalto costeiro), áreas de risco à ocupação (margens de falésias) e áreas de degradação ambiental (manguezais desmatados, restingas e pós-praias ocupadas). As recomendações de preservação, uso e ocupação futura da costa devem subsidiar o planejamento e o gerenciamento costeiro. O uso do sensoriamento remoto e do Sistema de Informação Geográfica, nas várias etapas de desenvolvimento da tese, representaram importantes ferramentas de levantamento de dados, de análise espacial e de síntese, de compreensão da distribuição e das características do relevo costeiro, de monitoramento e quantificação das mudanças e do mapeamento temático, sendo de larga aplicabilidade nos estudos costeiros.

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