Dissertações em Sociologia e Antropologia (Mestrado) - PPGSA/IFCH
URI Permanente para esta coleçãohttps://repositorio.ufpa.br/handle/2011/6623
O Mestrado Acadêmico pertence ao Programa de Pós-graduação em Sociologia e Antropologia (PPGSA) é vinculado ao Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) da Universidade Federal do Pará (UFPA).
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Dissertação Acesso aberto (Open Access) Partilhando o sensível: práticas dissidentes de cinema na Amazônia paraense(Universidade Federal do Pará, 2024-11-14) ARAUJO, Gabriela Laroca; CARDOSO, Denise Machado; http://lattes.cnpq.br/2685857306168366; SANTOS, Patricia da Silva; http://lattes.cnpq.br/3554364096207512; https://orcid.org/0000-0002-1266-1311Esta dissertação investiga a democratização do audiovisual na Amazônia paraense, com foco no projeto Telas em Rede em Santarém/PA, que utiliza o audiovisual como ferramenta de comunicação popular para amplificar as vozes das comunidades periféricas e fortalecer suas lutas por reconhecimento e direitos. O estudo discute as práticas dissidentes de produção audiovisual como uma forma de resistência contracolonial, explorando os entrelaçamentos entre arte e política. Ancorada na teoria estética de Jacques Rancière, a pesquisa analisa como o audiovisual pode reconfigurar percepções, sensibilidades e modos de agir, tanto no nível individual quanto coletivo, propondo novas formas de subjetivação política e transformação social. O principal objetivo é examinar a relevância do audiovisual como uma ferramenta de luta em contextos de organização popular e defesa de territórios, além de discutir os múltiplos significados atribuídos ao fazer audiovisual nas periferias da Amazônia. A metodologia utilizada inclui uma etnografia multissituada que combinou observação participante, entrevistas abertas e semiestruturadas com os membros do Telas em Rede e análise das produções audiovisuais realizadas no projeto. O trabalho de campo foi realizado em Santarém, e foi ampliado com análises de relatórios de atividades e materiais digitais relacionados ao projeto. A pesquisa destaca a importância da democratização das tecnologias de produção audiovisual como forma de reconfigurar o sensível, permitindo que grupos historicamente marginalizados criem suas próprias narrativas e questionem as representações coloniais dominantes, articulando novos horizontes políticos e sociais. Dessa forma, o Telas em Rede busca reconfigurar a percepção do espaço amazônico, não apenas como uma área de exploração, mas como um território de resistência, criação e transformação coletiva, onde o audiovisual se torna um meio de amplificar as demandas e as vozes das populações invisibilizadas.Dissertação Acesso aberto (Open Access) A dendeicultura em Igarapé-Açu/Pará: um olhar sobre as relações de trabalho que tipificam o trabalhador rural na Agroindustrial Palmasa(Universidade Federal do Pará, 2024-02-29) CARDOSO, Marlon Kauã Silva; RIBEIRO, Tânia Guimarães; http://lattes.cnpq.br/1193175057010343; https://orcid.org/0000-0003-1683-3659O objetivo desta pesquisa foi analisar as relações de trabalho que tipificam os trabalhadores rurais na agroindústria do dendê em Igarapé-Açu, notadamente analisando a Agroindustrial Palmasa. A agroindústria do dendê, em nível macropolítico, foi territorializada no nordeste paraense através das ações estatais desenvolvimentistas nos governos civis-militares nos anos 1960, planejadas pela Superintendência de Valorização Econômica da Amazônia (SPVEA) e pela Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (SUDAM), e, tem novo impulso com o neodesenvolvimentismo dos anos 2000, associada ao desenvolvimento sustentável, através do Programa Nacional de Produção do Biodiesel (PNPB) e do Programa Sustentável de Óleo da Palma (PSOP). Estes desembocaram em projetos de integração, para a obtenção do Selo do Combustível Social (SCS), entre produtores do dendê e agricultores familiares em municípios do nordeste paraense. Através de metodologia de natureza qualitativa, aliando dados de entrevistas, bibliográfico e quantitativos verificamos que as políticas públicas mais recentes não abrangeram as atividades econômicas da Agroindustrial Palmasa, em Igarapé- Açu. Na região predominam contratos, mas apenas de compra e venda, relação associativa, entre médios/grandes produtores rurais de dendê e a própria empresa. Dessa forma, as relações diretas entre classes gravitam entre médios/grandes fazendeiros e boias-frias responsáveis pelo trabalho nas lavouras.Dissertação Acesso aberto (Open Access) Guardiães de saberes quilombolas da Amazônia brasileira: relações entre mulheres, território, memórias e plantas no Médio Itacuruçá(Universidade Federal do Pará, 2024-12-17) CARVALHO, Silviane Couto de; CARDOSO, Denise Machado; http://lattes.cnpq.br/2685857306168366Esta dissertação posiciona-se no estudo das relações que as mulheres da comunidade quilombola Igarapé São João no Médio Itacuruçá, estabelecem com as plantas e ervas por elas cultivadas. Volto-me para os conhecimentos, práticas e cosmovisões advindas historicamente do manejo e cultivo de uma diversidade de espécies de plantas e árvores frutíferas, ervas medicinais, raízes, cascas de árvores, hortaliças e verduras. Produção que fomenta a economia local e municipal, além de configurar-se como fonte de abastecimento alimentar e formas distintas de uso pelas famílias nesta comunidade. O lugar de estudo onde realizei a pesquisa etnográfica é a comunidade ribeirinha e quilombola de Igarapé São João, no Médio Itacuruçá, está situada no município de Abaetetuba, na região das ilhas, área rural no estado do Pará, Amazônia, região norte do Brasil. A etnografia é um dos caminhos da pesquisa qualitativa por compreender o estudo a partir da observação direta das práticas costumeiras de viver de um grupo particular de pessoas (Mattos, 2011). Assim, utilizei a observação participante, a etnobiografia (Gonçalves, 2012) e a escrevivência (Evaristo, 2020), com vistas a captar a experiência vivida pelas interlocutoras desta pesquisa. Entre adoecimentos, observação dos quintais, relatos sobre remédios caseiros e plantas, além de minhas lembranças de infância, experiências e convivência na comunidade quilombola do Médio Itacuruçá, percebi a diversidade de conhecimentos adquiridos e transmitidos pelas mulheres. Em face a uma crise ambiental global e o enfrentamento de conflitos ambientais (monocultivo de dendê e pecuária), o sistema de agrofloresta utilizado pelas populações tradicionais, aqui destaca-se ribeirinha e quilombola é de suma importância para a manutenção da vida e da biod iversidade.Dissertação Acesso aberto (Open Access) O rio que embaçou no horizonte: narrativas e percepções sobre os impactos urbanos da construção e operação do terminal da Cargill em Santarém - PA(Universidade Federal do Pará, 2025-02-27) PIMENTA, Karina Cunha; SILVA, Carlos Freire da; http://lattes.cnpq.br/7489756177996098; https://orcid.org/0000-0002-0202-8678Este trabalho investiga os impactos urbanos da instalação e operação do terminal da Cargill em Santarém (PA), focando nas transformações socioambientais resultantes dessa intervenção e na experiência vivida pelos moradores da cidade. A pesquisa surgiu a partir de uma abordagem etnográfica iniciada em 2017, com o objetivo de compreender as mudanças nas paisagens urbanas, a partir das narrativas de moradores que, antes da instalação do terminal, viviam na antiga praia da Vera Paz e foram deslocados para o atual bairro do Laguinho. A partir dessa perspectiva, busca-se refletir sobre os efeitos da extinção desse espaço de lazer e sociabilidade, ampliando a análise para as dinâmicas econômicas do agronegócio, a expansão da monocultura da soja e os impactos decorrentes de grandes projetos de infraestrutura. Com base em uma metodologia qualitativa, a pesquisa utiliza narrativas orais, relatos de vida, entrevistas, poemas, canções e análise de documentos para explorar como as transformações causadas pelo terminal da Cargill moldaram novas formas de sociabilidade e resistência. A dissertação questiona como os processos de exploração econômica alteram a dinâmica urbana e ambiental, abordando não só as consequências econômicas, mas também os impactos sobre o sensível e as subjetividades dos moradores. A pesquisa também destaca a reconfiguração do sensível, simbolizada pela extinção da antiga praia da Vera Paz, e como isso representa um cerceamento do direito à cidade, revelando um processo de aceleração das violências socioambientais, invisibilizadas pela mídia, e propõe um olhar interdisciplinar sobre as questões urbanas na Amazônia, integrando dimensões emocionais e culturais frequentemente negligenciadas, visando abrir caminho para investigações mais profundas sobre as paisagens amazônicas e as novas formas de luta e pertencimento que emergem desses conflitos socioambientais.Dissertação Acesso aberto (Open Access) Pandemia e a espiral das crise: memórias de professoras e professores da Educação Básica durante a implementação do ensino remoto no Estado do Pará(Universidade Federal do Pará, 2024-12-09) MONTEIRO, Ádima Farias Rodrigues; BUENO, Michele Escoura; http://lattes.cnpq.br/3126701924384242Com o objetivo de compreender os efeitos sociais, profissionais e emocionais dos arranjos políticos emergenciais praticados pelo Governo do estado do Pará na educação pública estadual durante a pandemia da COVID-19, a partir da experiência de professoras e professores da Rede Pública Estadual de Ensino no Município de Ananindeua, na região metropolitana de Belém, esta dissertação traz a análise das memórias que as/os 24 professoras/es que entrevistei compartilharam comigo suas vivências profissionais. À medida que eu os/as escutava, ia também revivendo minhas memórias e, assim, assumo no texto a posição de nativa/etnógrafa (Peirano, 2014). Analiso também os principais documentos que normatizaram a educação pública no Estado do Pará no ano de 2020 e 2021 relacionando-os com as decisões do governo federal. Guiada pelo que ouvi, em campo, em janeiro e fevereiro de 2022, o recorte deste estudo está no período da pandemia em que o governo do estado do Pará implementou o ensino remoto na rede pública estadual, a saber, os meses de janeiro a junho de 2021. A análise dessas experiências está em diálogo com a elaboração antropológica e sociológica sobre o tema. No capítulo 1 mostro como o governo estadual geriu a educação básica no período da pandemia, em que as aulas presenciais ficaram suspensas na rede pública. Para, no capítulo 2, mostrar como as/os professoras/es vivenciaram as mudanças decorrentes da nova normatização e regulamentação da educação básica estabelecida pelo governo do estado. Ao analisar a experiência das/dos docentes percebi que além da contradição entre as/os profissionais e o estado, outras contradições afloraram na medida em que as/os professoras/es exerceram sua profissão a partir do ambiente doméstico, elementos estes para o qual dedico o capítulo. Avento como resultados desta pesquisa, que a pandemia aprofundou crises e desigualdades já pré- existentes, ao mesmo tempo que produziu novas dinâmicas de crise. Pelos dados, mostro que à medida que as políticas públicas educacionais do estado se mostravam insuficientes para conter os efeitos da pandemia na educação básica paraense, a vida das/os professoras/es passou a ser tomada por um processo de aprofundamento da precarização do trabalho docente, expresso na flexibilização total da jornada de trabalho e no adoecimento físico e mental decorrente das atividades laborais. E, ainda, evidencio que no caso das professoras mães, filhas e/ou esposas, se somou ainda uma interminável jornada de trabalhos de cuidados, que foi multiplicada pela suspensão de serviços públicos ofertados pelo Estado e fez, do período, um momento de sobreposição de desigualdades laborais e de classe às desigualdades de gênero.Dissertação Acesso aberto (Open Access) Precisamos pisar no chão: plantas medicinais e ancestrais usos de práticas e saberes entre os quilombolas de Deus Ajude(Universidade Federal do Pará, 2024-11-07) SOUZA, José Luis Souza de; CARDOSO, Denise Machado; http://lattes.cnpq.br/2685857306168366A presente pesquisa é realizada em um território tradicional reconhecido como Deus Ajude e investiga a relação entre o uso de plantas medicinais e a identidade quilombola nessa comunidade, situada no arquipélago do Marajó, Pará. Motivada pelos debates sobre a preservação dos territórios quilombolas, especialmente após o reconhecimento constitucional das terras tradicionais pelo Art. 68 do ADCT (1988), esta pesquisa antropológica e sociológica examina como os saberes ancestrais vinculados ao uso de plantas fortalecem a identidade cultural quilombola e contribuem para a conservação territorial. Com uma população de aproximadamente 300 habitantes, a comunidade faz uso sustentável de uma área biodiversa composta por florestas que proporcionam o uso de seus frutos, plantas ancestrais e medicinais, cipós e junco, além dos rios com peixes e outros animais aquáticos que compõem um cenário rico e com potencialidade para o desenvolvimento de diferentes atividades. A pesquisa também analisa os desafios impostos pela expansão do agronegócio sobre esses territórios e a substituição de saberes tradicionais por práticas farmacológicas modernas, destacando a relevância dos saberes tradicionais para a resistência cultural e a sustentabilidade ambiental.Dissertação Acesso aberto (Open Access) Violências e narrativas: trajetórias de mulheres que romperam com o relacionamento íntimo violento(Universidade Federal do Pará, 2024-04-29) SILVA, Elcione da Silva e; GONÇALVES, Telma Amaral; http://lattes.cnpq.br/7335593537033167A questão da violência contra as mulheres é uma realidade em diversas histórias de vida, deixando marcas profundas nas subjetividades e memórias das vítimas. Este estudo traz à luz do espaço público científico uma problemática tradicionalmente associada aos domínios das relações amorosas e, consequentemente, considerada de natureza privada. Esta dissertação investiga a trajetória de seis mulheres que romperam com relacionamentos íntimos violentos, seja com namorado ou marido, explorando suas experiências durante e após o término dessas relações. A pesquisa se fundamenta em uma abordagem qualitativa, utilizando o método “Narrativas de Vida” (Bertaux, 2010), com a utilização de entrevistas narrativas, para acessar suas histórias. Buscou-se compreender os significados subjetivos atribuídos a essas experiências, destacando as tentativas de ressignificação e resistência por parte das participantes, visando a possíveis rupturas com o ciclo de violência. Os resultados revelam narrativas ricas e complexas, evidenciando os desafios enfrentados durante o relacionamento violento, as dificuldades enfrentadas ao tentarem romper, e os processos de reconstrução pessoal e social após o rompimento. Identificamos como os discursos sociais sobre o amor moldam a subjetividade das mulheres em relacionamentos abusivos, destacando a idealização do amor e as expectativas em torno dos relacionamentos e como as mulheres têm a tendência em valorizar as características positivas dos parceiros, mesmo diante de comportamentos abusivos, pois a violência se manifesta de forma enraizada culturalmente. São discutidos também os diversos tipos de apoio social e institucional disponíveis para as mulheres em situação de violência, bem como as marcas e impactos psicológicos e sociais dessas experiências. Identificamos as estratégias de resistência adotadas por mulheres que sofrem violência doméstica para resistir e eventualmente romper com relacionamentos abusivos. As experiências de violência variam em sua manifestação, contexto e circunstâncias específicas, mas compartilham efeitos negativos duradouros tanto para as vítimas quanto para a sociedade como um todo. No entanto, as histórias de sobrevivência dessas mulheres revelam um desejo de reconstrução de suas vidas, demonstrando um movimento em direção à resiliência, autonomia e ressignificação, o que indica um deslocamento nas relações de poder, conforme discutido e nos estudos feministas sobre violência de gênero.Dissertação Acesso aberto (Open Access) Agarrada nos jogos de identidade quilombola: representatividade, conflitos e resistência no Arquipélago do Marajó(Universidade Federal do Pará, 2024-11-05) SANTOS, Paulo Henrique Santos dos; ZAMPARONI, Valdemir Donizette; http://lattes.cnpq.br/9786959916347562; CARDOSO, Denise Machado; http://lattes.cnpq.br/2685857306168366Este trabalho aborda a agarrada, uma luta corporal presente dentro dos Jogos de Identidade Quilombola no arquipélago do Marajó, com foco nas comunidades de Salvaterra, Pará. O trabalho explora como essa prática, além da perspectiva lúdica e de competição, atua como um espaço de reafirmação identitária, resistência simbólica e política. A agarrada, presentemente ligada no cotidiano quilombola, é analisada sob diferentes óticas, desde seu valor simbólico até as tensões e disputas narrativas sobre ela. A pesquisa investiga também os conflitos fundiários e territoriais enfrentados pelas comunidades quilombolas, relacionando-os com a prática da Agarrada, que se torna um reflexo das lutas políticas e sociais em curso. A metodologia utilizada inclui entrevistas com lideranças quilombolas, observações participantes durante os jogos e análise documental, refletindo sobre a importância da agarrada não sobre o olhar desportivo, mas como um símbolo de resistência e mobilização comunitária. O estudo conclui que a luta quilombola transcende o campo da competição física, representando uma forma de resistência contra a exclusão e o apagamento da ancestralidade das comunidades quilombolas de Salvaterra.Dissertação Acesso aberto (Open Access) Mudanças e continuidades no Salgado Paraense: dinâmica das relações sociais em torno do universo da pesca artesanal em Marudá/PA(Universidade Federal do Pará, 2024-10-31) COSTA, Layse Rosa Miranda da; CARDOSO, Denise Machado; http://lattes.cnpq.br/2685857306168366; FURTADO, Lourdes de Fátima Gonçalves; http://lattes.cnpq.br/1828475659148260; https://orcid.org/0000-0002-5243-4607A área de pesquisa desta dissertação é Marudá, situada no município de Marapanim/PA, localizada na microrregião do Salgado Paraense e inserida na Reserva Extrativista Marinha Mestre Lucindo, criada em 2014. É importante destacar que estudar o universo da pesca artesanal é complexo, pois envolve diversas variáveis marcadas por indicadores sociais, como questões ambientais, clima, gênero, educação, saúde pública, entre outros. No entanto, diante das variáveis apresentadas pelo campo de pesquisa em que atuo, este trabalho tem como objetivo evidenciar, por meio de minha observação participante e etnografia, realizada entre os anos de 2018 e 2024, as dinâmicas percebidas nas relações sociais em torno do universo da pesca em Marudá. Durante o trabalho de campo, muitos desdobramentos emergiram das evidências observadas, abrindo caminhos para projetos e pesquisas futuras. Nesse contexto, tradição e modernidade se entrelaçam constantemente no modo de vida haliêutico dos habitantes da região, provocando tanto mudanças quanto continuidades, especificamente no que a atividade pesqueira representa para eles. Assim, outro objetivo é destacar, a partir da minha pesquisa etnográfica, o que a pesca artesanal representa atualmente para os filhos e filhas de Marudá, considerando que essa relação não é a mesma que ocorria nas décadas passadas do século XX, uma vez que mudanças e continuidades ocorrem de forma constante, onde a atividade pesqueira era mais intensa. Outros aspectos abordados incluem também questões relacionadas ao turismo, categoria que vem dinamizando o modo de vida dos moradores. Desde a construção das primeiras estradas e rodovias que ligavam e ainda ligam Marudá/PA aos grandes e médios centros urbanos e comerciais do Estado do Pará, como os municípios de Belém e Castanhal, a região recebe muitos turistas, principalmente em períodos de férias e feriados, causando assim alguns impactos. Atualmente, outros meios de comunicação, vem dinamizando as relações sociais em torno do universo da pesca artesanal na localidade, como o acesso à internet, visto que o meio digital passou a integrar nas vivencias cotidianas, facilitando as comunicações e mobilizações de categoria social, tanto internas quanto externas, ou seja, para além das demarcações territoriais que consiste ao distrito de Marudá e Marapanim. Dessa maneira, os conceitos de mudanças e continuidades tornaram-se, metaforicamente, os remos que me guiaram e continuam a guiar nas marés desta dissertação. É importante destacar que a pesquisa foi conduzida em um contexto pandêmico, o que trouxe inúmeras dificuldades para a realização do trabalho de campo, além das demandas impostas pelas sequelas da Covid-19.Dissertação Acesso aberto (Open Access) O lago virou canal: desigualdade ambiental nas entrelinhas do saneamento básico em uma baixada de Belém(Universidade Federal do Pará, 2024-07-05) PESSOA, Cláudia de Fátima Ferreira; RIBEIRO, Tânia Guimarães; http://lattes.cnpq.br/1193175057010343; https://orcid.org/0000-0003-1683-3659O trabalho analisa a reprodução de desigualdades ambientais mediante os impactos da precariedade dos serviços de saneamento básico no perímetro do Lago Verde, afluente do Rio Tucunduba no bairro Terra Firme, situado em Belém – Pará. Essa relação se justifica pelo reconhecimento de que determinadas camadas da população, alocadas em áreas específicas como as baixadas de Belém não têm garantias de acesso equitativo aos recursos e políticas fundamentais à vida na cidade. A pesquisa contemplou um desenho metodológico do problema a partir de uma abordagem predominantemente qualitativa, com o emprego das técnicas da pesquisa bibliográfica, pesquisa de campo e aplicação de entrevistas com roteiros semiestruturados, coleta e análise de dados secundários, como dados estatísticos sobre saneamento levantados em plataformas de dados oficiais, instituições de pesquisa e órgãos municipais de Belém, bem como análises censitárias do bairro a partir de dados do banco de tabelas estatísticas do Sistema IBGE de Recuperação Automática (SIDRA) e levantamento documental em fontes jornalísticas. A análise teórica fundamenta-se na categoria da desigualdade ambiental (Acselrad, Mello e Bezerra, 2009) articulada à temática do saneamento básico enquanto uma política pública de promoção do bem estar (Rezende, Heller, 2008; Souza et al, 2015). A categoria da desigualdade ambiental representa uma síntese entre desigualdade social e ambiental, indo além das diferenças de renda e classe ao ampliar a visão sociológica sobre o meio ambiente. As perspectivas elaboradas a respeito do saneamento influenciam nos modos de apropriação da cidade, orientando práticas, temporalidades e impactam as esferas subjetivas dos indivíduos em dois momentos distintos. O primeiro é a ausência e/ou precariedade dos serviços. Isso se observa na segurança financeira das moradoras entrevistas que fica comprometida com obras e ajustes nas casas após alagamentos, na ruptura com atividades e hábitos que mantinham em seus cotidianos por conta de intervenções de obras públicas, e a aflição e preocupação no gerenciamento do lar, que representam seus sonhos e conquistas, simbolizados na casa própria. Um segundo momento é da espacialização do Estado nos locais de baixadas, onde foram acionados aspectos de participação política pelo Movimento socioambiental Tucunduba Pro Lago Verde. Uma crítica social legítima se fez acerca da maneira pela qual se implementam as ações interventoras. As preocupações e aflições que perfazem o cotidiano dos moradores da comunidade do Lago Verde, alteram a sua relação com o bairro, bem como a forma de ser e estar na cidade. É mobilizado um processo social de fazer o saneamento que atesta e se coloca contra a sustentação e reprodução de desigualdades sociais e ambientais.Dissertação Acesso aberto (Open Access) O “interior” e as águas: entre paisagens, mobilidades e tecnologias de uma vida ribeirinha em São Sebastião da Boa Vista no Marajó-PA(Universidade Federal do Pará, 2024-08-20) LIMA, Joicieli Pereira de; BUENO, Michele Escoura; http://lattes.cnpq.br/3126701924384242Esta pesquisa surge a partir de um confronto interno com a minha própria identidade, e assim questiono em saber se as pessoas que moram em São Sebastião da Boa Vista no Marajó se identificavam ou não como ribeirinhas. Entretanto, ao chegar ao campo percebo que as pessoas durante o seu cotidiano não estão acionando ribeirinho como identidade, a não ser em determinados momentos esporádicos, e o que aparece com constância é a categoria “interior”, esta por sua vez vai ser acionada i) ora como algo negativo e pejorativo, tendo em vista todo o processo histórico e social que a palavra “interior” carrega consigo, ii) ou a partir do confronto com o “outro”, essa categoria vai ser de valorização e de reafirmação. Através da observação participante, da utilização do diário de campo e de conversas informais foi possível observar a prática da vida cotidiana das pessoas e notar que elas estavam se deslocando seja pelo rio, pelo seco, pela lama, mas que dentro desse deslocamento a noção de tempo e espaço para se referir ao que é perto e ao que é longe estava sendo mediada pela relação das pessoas com as diferentes paisagens, principalmente pela presença ou ausência da água, compreendendo como parte da sua realidade e do seu modo de vida, agindo de acordo com essa vinculação ao seu próprio cotidiano. Diante disso, procuro compreender o que significa ser do “interior” para as pessoas, e a partir disso percebo que o Estado reduz o que é ser ribeirinho a um modo de vida ligado apenas ao rio, mas que ao ver através da prática da vida cotidiana das pessoas não apenas o rio importa, mas todas as águas e suas variações é que vão constituir a produção da percepção de pertencimento e seus modos de vida.Dissertação Acesso aberto (Open Access) Nosso território, nossas regras! a construção do protocolo de consulta como instrumento pedagógico e de defesa do modo de vida no território quilombola de Moju Miri, Pará.(Universidade Federal do Pará, 2024-07-20) LIMA, Ruth Cardoso; PEIXOTO, Rodrigo Corrêa Diniz; http://lattes.cnpq.br/9872938064820413Nosso território, nossas regras! Essa afirmação orientou e deu significado à construção do Protocolo de Consulta Livre, Prévia, Informada e de Consentimento no território de Moju Miri. Tomando como referência esse processo, a dissertação traz as dimensões coletivas de uma escrita baseada em muitas vozes. Eu faço parte dessa polifonia (Clifford, 1998), referenciada na escrevivência de Conceição Evaristo (2018), dado que me coloco no texto, enquanto mulher quilombola pertencente ao quilombo de Moju Miri e também como pesquisadora. A partir deste “entre-lugar” (Bhabha, 1998), ou seja, eu situada entre a academia e a minha comunidade, trago a experiência do processo em Moju Miri e também aportes teóricos de outras experiências de protocolos de consulta realizados em outros lugares. Faço uma etnografia não apenas do processo do protocolo, mas também do cotidiano da minha comunidade, com referência em Mariza Peirano (2014).Etnograficamente, trabalhei aspectos característicos do cotidiano da comunidade, com foco na memória, na ancestralidade e na história do nosso quilombo, e participei ativamente das oficinas realizadas desde 2020, com uma paralisação, em virtude da pandemia, e depois retomadas no final de 2021 para e que transcorreram até os primeiros meses de 2023. O trabalho para a construção do Protocolo de Consulta foi coletivo, com intensa participação dos moradores de Moju Miri. Mas, além disso, o trabalho contou também com a participação de instituições aliadas, como a Fase, que patrocinou o projeto, e de lideranças de outras comunidades, convidadas a integrar o protocolo de Moju Miri, trazendo experiências de outros processos. Importante dizer que tudo isso produziu coesão, não apenas no território de Moju Miri, como também entre vários outros territórios - Abacatal, Jambuaçu, Bom Remédio em Abaetetuba, por exemplo. Portanto, um argumento central da dissertação é a capacidade de produzir coesão e agregação de um processo político como é o protocolo de consulta. Este, portanto, foi um efeito pedagógico muito relevante. No processo do protocolo, vários atores coletivos convergiram para o valor central que é a defesa do território, contra agressões de empresas e do próprio governo, com empreendimento tais como a dendeicultura, linhão de eletricidade, abertura de rodovia, ferrovia e porto. Quando se trata de defender nosso território, não tem como evitar uma escrita etnográfica engajada, assim como o faz Grada Kilomba (2019), que critica o academicismo tradicional. A luta é pela garantia de direito à consulta, diante das investidas de governos e empresas que afetam a nossa vida e agridem nossas matas, rios, saberes e formas de vida. O trabalho faz uso das narrativas de moradores e moradoras que participaram do processo, trazendo assim suas experiências pela oralidade, as vozes coletivas que se juntam à escrita para produzir a escrevivência. A dissertação investiga como o Protocolo de Consulta se constituiu instrumento de direito à participação da comunidade nos destinos do território, como ele permitiu ou não uma negociação menos assimétrica com os grandes interesses econômicos que avançam nas imediações e mesmo dentro dos domínios do território de Moju Miri. Na escrevivência, as seguintes problematizações foram consideradas: Como o processo do Protocolo de Consulta influenciou no fortalecimento do protagonismo, da ancestralidade e na organização política da comunidade? De que forma contribuiu para afirmar nossa identidade? Quais momentos/debates mais contribuíram para o que queremos? O processo nos informou sobre direitos? Produziu efeitos pedagógicos? Trazemos vozes de Moju Miri para essa discussão.Dissertação Acesso aberto (Open Access) Paradoxos da conservação da biodiversidade e da salvaguarda do patrimônio imaterial no Estado do Pará(Universidade Federal do Pará, 2024-07-12) CUNHA, Ana Paula Araújo Gomes; CARVALHO, Luciana Gonçalves de; http://lattes.cnpq.br/9870905738650852; https://orcid.org/0000-0001-7916-9092sta pesquisa debruça-se sobre questões referentes às políticas relativas aos patrimônios cultural e natural do Estado do Pará. Mesmo sendo reconhecida a indissociabilidade natureza- cultura em capítulos da Constituição Federal de 1988 e da Constituição do Estado do Pará de 1989 as dimensões cultural e ambiental são abordadas separadamente no processo de patrimonialização do artesanato de balata diante das restrições de acesso a essa matéria-prima. O objetivo geral desta pesquisa foi discutir se, e como, as práticas do Estado do Pará em relação ao patrimônio cultural imaterial e ao meio ambiente contribuem para sua salvaguarda e conservação, respectivamente. Trata-se de uma pesquisa qualitativa e explicativa para especificar características que determinam ou favorecem a ocorrência dos fenômenos sociais focalizados. A metodologia envolveu pesquisa bibliográfica e pesquisa de campo, que incluiu entrevistas semiestruturadas e observação participante. Assim, constatou-se que o Estado, embora tenha reconhecido o artesanato de balata como patrimônio imaterial por meio do poder legislativo, ameaça o suporte material do artesanato por meio do poder executivo na medida em que destina as árvores que fornecem a matéria-prima que compõe o artesanato para empresas manejarem na Floresta Estadual do Paru. Os órgãos encarregados pela gestão de patrimônios culturais e meio ambiente, bem como o poder legislativo e executivo estão desarticulados. É imprescindível que se afastem as desconexões nas operações executadas pelos órgãos e se busque práticas mais integradas.Dissertação Acesso aberto (Open Access) Castanhal: a “cidade modelo”, os caminhos e descaminhos do projeto de desenvolvimento(Universidade Federal do Pará, 2023-12-20) CRUZ, Laiane Helena Silva da; MOURA, Edila Arnaud Ferreira; http://lattes.cnpq.br/2154370107837866; https://orcid.org/0000-0003-0093-8464Seguindo o padrão nacional-desenvolvimentista, o governo brasileiro na segunda metade do século passado implementou uma série de políticas públicas que almejavam o crescimento econômico, principalmente, por meio da industrialização. Com a instauração da ditadura militar na década de 1960, o governo, visando integrar a Amazônia ao restante do país, passou a adotar diversas políticas públicas como a construção de rodovias e ampla política de incentivos fiscais. A região, vista como um “espaço vazio” pelo Estado, se tornou o destino de milhares de migrantes em busca de um lote de terra. Esta dissertação tem como objetivo analisar a atuação do Estado no município de Castanhal (PA), dentro de um cenário político caracterizado pela ideologia do desenvolvimento. O município de Castanhal, localizado no estado do Pará, é analisado em três períodos: sua criação associada à construção da Estrada de Ferro de Bragança, reforma urbana e criação do Assentamento Cupiúba. Este estudo foi realizado através de uma pesquisa bibliográfica sobre a história de Castanhal e da Região Bragantina e com base em indicadores sociodemográficos, econômicos e agropecuários coletados nos bancos de dados SIDRA e Atlas Brasil. Os resultados encontrados indicam que Castanhal, devido a um conjunto de investimentos que a cidade recebeu ao longo dos períodos analisados, atualmente se destaca positivamente entre os municípios que foram cortados pela Estrada de Ferro de Bragança. Por outro lado, no que diz respeito à reprodução social dos produtores rurais do assentamento há uma série de desafios a serem superados. O desamparo pelo Estado a que estão sujeitos e a criação do Assentamento Cupiúba como uma medida paliativa em resposta à ocupação dos trabalhadores revela como a agricultura familiar tem sido desvalorizada pelo poder público.Dissertação Acesso aberto (Open Access) “Vai rolar essa diamba?”: uma etnografia de usos medicinais, religiosos e recreativos da maconha em um bairro periférico de Belém/PA(Universidade Federal do Pará, 2023-05-26) PASSOS, Bruno Ferreira dos; DANTAS, Luísa Maria Silva; http://lattes.cnpq.br/1573989294603242Este trabalho tem por objetivo identificar e compreender diferentes usos da maconha por moradores de um bairro da periferia de Belém/PA. A presença da maconha pôde ser percebida em contextos recreativos, medicinais e religiosos. Pessoas que vivem o mesmo território experimentam de forma distinta a repressão policial, a segregação espacial, a proibição moral, e o alto custo do medicamento derivado da maconha, em um cenário no qual o uso recreativo sofre forte repressão, enquanto o uso medicinal tem seu acesso discreto e seletivamente flexibilizado. Realizei esta etnografia em diferentes lugares dentro do bairro: o condomínio - espaço de lazer bem urbanizado e com paisagem bem diferente do restante do bairro; a margem - espaço que se divide entre uma feira durante o dia e sede de festas de aparelhagem durante a noite; e nos arredores das ruas e praças -. As primeiras entradas em campo se deram por minhas experiências pessoais, as quais se somaram ao que foi vivido junto aos interlocutores na produção dos dados etnográficos. Para proteger todos os envolvidos na pesquisa, lugares e pessoas tiveram seus nomes ocultados ou ficcionados. Os dois primeiros capítulos desta monografia apresentam o problema de pesquisa, apresentam detalhes metodológicos e teóricos ao redor dos diversos usos da maconha, além de apresentar um breve panorama do tema no campo das ciências sociais. A partir dai os resultados do trabalho etnográfico são apresentados em três capítulos. No terceiro capitulo abordaremos os usos recreativos, discutindo diferenças na repressão policial sobre usuários a partir de critérios raciais, e como o estereótipo do maconheiro vem historicamente recaindo sobre negros e pobres, fundamentando políticas de segregação espacial até os dias de hoje. Em seguida, no quarto capítulo apresentaremos os usos religiosos em um terreiro de candomblé do bairro, no qual a maconha aparece como mais um elemento ritual, ainda que invisibilizado. O quinto e último capítulo reflete sobre dificuldades desiguais que mulheres do bairro enfrentam na busca por tratamentos de saúde com maconha medicinal, devido a uma moralidade hegemônica, e o racismo vivenciado em tentativas de acesso aos serviços de saúde.Dissertação Acesso aberto (Open Access) Quando o pesquisador e o sujeito da pesquisa são um: reflexividade quilombola sobre pesca, conflito e disputa na RESEX Ipaú-Anilzinho e TQ de Joana Peres (PA)(Universidade Federal do Pará, 2024-02-26) RIBEIRO FILHO, Manoel Machado; CAÑETE, Voyner Ravena; http://lattes.cnpq.br/9961199993740323; https://orcid.org/0000-0001-8528-3086Ao considerar os olhares cheios de significados nos quais me atravessam, pois sou quilombola, nascido, criado no quilombo e hoje atuando em um lugar de liderança, de uma minoria que busca se comunicar com a sociedade hegemônica em uma relação sem hierarquias, trago minha fala nesta escrita. Ao trazer a minha fala neste texto, as minhas memórias, meu pertencimento e vivências estão presentes do início ao fim desta dissertação. Pensada e escrita assim, este estudo compreende uma autoetnografia, que para Miranda (2022, p. 71) é compreendida “como uma análise cultural elaborada por meio da narrativa pessoal, onde é possível desenvolver uma lente crítica em uma práxis dentro-fora, de modo a entender quem somos nas nossas comunidades”. Neste contexto, venho dissertar sobre as tensões que desenham novas relações no processo de nova delimitação do território no contexto da Reserva Extrativistas (RESEX) e Território Quilombola (TQ), em cenários de conflito que vieram a se estabelecer e marcam essa relação, particularmente considerando a atividade pesqueira e a comunidade de Anilzinho. Joana Peres e Anilzinho são as únicas comunidades quilombolas, das seis que compõem a RESEX, criada em 14 junho de 2005. Dois territórios quilombolas, pré-definidos ao longo do tempo por lideranças e pescadores, sendo unidas ao mesmo território da RESEX, a partir de sua criação. Enquanto o território da comunidade Anilzinho foi inserido em sua totalidade na RESEX, no que diz respeito ao meu quilombo vila de Joana Peres, a RESEX dividiu o seu território, parte da área da comunidade está no interior da RESEX, a outra não, que vai para além do entorno da unidade.Dissertação Acesso aberto (Open Access) Estratégias de permanência de indígenas estudantes na Universidade Federal do Pará: desafios e resistência(Universidade Federal do Pará, 2024-02-23) ARAYA, Ignacio Gabriel San Martin; CAÑETE, Voyner Ravena; http://lattes.cnpq.br/9961199993740323; https://orcid.org/0000-0001-8528-3086A Universidade Federal do Pará – UFPA é conhecida como uma das instituições públicas que mais recebe discentes indígenas e quilombolas, por meio do Processo Seletivo Especial-IQ. Embora, ela seja conhecida como uma das pioneiras a reservar vagas para indígenas discentes, conforme o Relatório divulgado no Seminário IQ, nota-se um número expressivo de desistências nos cursos. Dessa forma, a presente dissertação tem como objetivo geral identificar e descrever as estratégias de resistência para a permanência de indígenas estudantes na UFPA. Para alcançar tal objetivo, durante a pesquisa de campo, entre 2021 e 2023, tomei uso dos pressupostos teóricos e metodológicos da etnografia multisituada e digital, antropologia visual e o enfoque biográfico, esta pesquisa traz as narrativas de trajetória de vida e de luta de indígenas estudantes, bem como as ferramentas que foram criadas a partir da pressão dessas estudantes. Como considerações, concluo que embora a universidade reserve vagas para as e os indígenas estudantes na UFPA, ainda há muito caminho a percorrer para combater o racismo existente na instituição, bem como, a melhoria e ampliação nas políticas para a permanências dos e das indígenas na universidade. Pois, foi possível notar desafios enfrentados por eles, como a adaptação à escrita acadêmica, mudança de cidade e de qualidade de vida, além do enfrentamento do racismo. Concluo esta pesquisa apontando duas questões: a primeira, os processos de transformação na universidade se devem a pressões realizadas pelos próprios indígenas discentes, que compõem a Associação dos Povos Indígenas Estudantes da Universidade Federal do Pará, assim como, as ações realizadas em conjunto com professoras; nesse sentido, a UFPA precisa criar uma política institucional eficiente contra a evasão de indígenas estudantes, através da ampliação de quantidade de bolsas de auxílio permanência e moradia, por exemplo.Dissertação Acesso aberto (Open Access) A internet como espaço de atuação política para mulheres capoeiristas em tempos de isolamento(Universidade Federal do Pará, 2023-12-22) PENA, Luana de Nazaré Pinto; BUENO, Michele Escoura; http://lattes.cnpq.br/3126701924384242Os espaços em rede configuraram novas dinâmicas de sociabilidade, possibilitando o entrelaçamento de diferentes contextos histórico-sociais, uma multiplicidade de grupos, organizações e sujeitos com diferentes perfis de atuação e mobilização social e política, que atingiram novos patamares a partir dos contextos impulsionados pela pandemia da COVID- 19, no ano de 2020. Foi neste cenário que a capoerista paraense Sabrina Silva utilizou as lives no Facebook para difundir o movimento feminino da capoeira no Pará. Diante do exposto, o presente estudo objetivou analisar como a internet se tornou um lócus de atuação política das mulheres capoeiristas durante a pandemia no ano de 2020, a partir do estudo de caso das Lives de Sabrina Silva. Para realizar as análises, adotamos a etnografia digital como método, ela é uma adaptação da análise etnográfica para o estudo de culturas on-line, visando explorar e expandir as possibilidades por meio do constante uso das redes digitais. Em relação ao arcabouço teórico, selecionamos, entre outros, autores que trabalham questões relacionadas à capoeira, como Nestor Capoeira (1999), Letícia Reis (2000) e Luiz Augusto Leal (2005); autores que discutem as relações de movimentos sociais na atualidade, como Manuel Castells (2014) e Maria da Gloria Gohn (2011); autores que debatem questões de gênero, raça e classe, por exemplo, Anne McClintock (1995) e Kimberlé Crenshaw (2002); e teóricos que discutem a etnografia do digital, a saber, Beatriz Lins, Carolina Parreiras e Eliane Freitas (2020). Com isso, verificamos que as mídias sociais foram apropriadas por mulheres durante um período em que encontros físicos estavam suspensos, a fim de difundir uma luta tão importante para a construção da cultura brasileira, assim, evidenciando as relações de poder presentes na capoeira e suas possibilidades de expandirem as discussões sobre o tema e darem mais visibilidade a ele.Dissertação Acesso aberto (Open Access) “Em todo tempo mulher foi tapete”: a escrevivência de um corpo rebarbado sobre as relações assimétricas de gênero na Assembleia de Deus em Boa Esperança - PA(Universidade Federal do Pará, 2023-12-19) COSTA, Thaís de Oliveira; BUENO, Michele Escoura; http://lattes.cnpq.br/3126701924384242Este texto sintetiza parte dos resultados da pesquisa que desenvolvo desde 2018 e centra-se nas discussões referentes à liderança de mulheres na igreja evangélica Assembleia de Deus. A instituição, fundada em 1911, em Belém do Pará, com o passar dos anos difundiu-se para outros estados fora da Amazônia Paraense e atualmente está presente em todos os estados brasileiros. Partindo de um viés colonialista, a igreja construiu sua hierarquia na sacralização da desigualdade de gênero, reservando às mulheres, principalmente negras, papéis subservientes e não permitindo que estas ascendessem na hierarquia eclesiástica. Esse fator endossa a postura androcêntrica da igreja que, em seus 110 anos de fundação, nunca consagrou mulheres aos cargos de liderança eclesiástica, mesmo tendo uma mulher como pioneira na fundação na igreja e um público de maioria feminina negra. Buscando desenvolver uma escrevivência, como propõe dona Conceição Evaristo, delimitei como “campo de pesquisa etnográfica” a comunidade cristã da qual sou “membra desviada”, cuja sede fica em Boa Esperança, na zona rural do município de Santarém, no Oeste do Pará. Mais especificamente, o trabalho se desenvolveu por meio do diálogo entre a pesquisadora rebarbada e as integrantes do Círculo de Oração. Em suma, esse texto é sobre como operam as estruturas de opressão que atuam sobre os corpos das mulheres e de suas subjetividades dentro da igreja.Dissertação Acesso aberto (Open Access) Peregrinos da fé na Amazônia urbana: faces do individualismo religioso(Universidade Federal do Pará, 2023-09-29) PINTO, Daniel Silva; MORAES JÚNIOR, Manoel Ribeiro de; http://lattes.cnpq.br/2429279552706202; https://orcid.org/0000-0001-6986-7671O estudo da dinâmica da religiosidade nos tempos hodiernos, especialmente sobre os processos de construção identitária individuais indicam investigações mais sistemáticas e de maior alcance sobre os efeitos do individualismo religioso moderno na configuração de campos religiosos nacionais; tal fenômeno afeta o tamanho e a mensuração de religiões tradicionais como a cristã e, principalmente, como a religião institucionalizada é afetada em sua capacidade de transmissão de sua memória ou herança religiosa autorizada. A análise de tal fenômeno no Brasil, em seu plano teórico, neste trabalho - o que poderia levar a produção de uma literatura sociológica da religião com menos foco nas instituições e mais no indivíduo em seu livre trânsito pelo imenso mercado simbólico-religioso nacional – está centrado no conceito de peregrino de Danielle Hervieu-Léger. A figura do peregrino seria o símbolo de uma nova religiosidade - ou poderíamos chamar de espiritualidade?- neste início de século, sempre em movimento e sem nenhuma vocação para a religiosidade tradicional, afeita à fronteiras simbólicas e rituais fixas. Na Amazônia, esta religiosidade mais fluida e desterritorializada pode ser melhor exemplificada e identificada em sua dimensão urbana e com mais intensidade nos grupos praticantes das genericamente classificadas como religiões de Nova Era em fusão ou hibridismo com práticas e cosmologias do imaginário religioso amazônico. Seus adeptos ou praticantes enfatizam mais uma religiosidade de busca pessoal ou de desenvolvimento espiritual em contraste com as tradicionais religiosidades de transcendência cristã. Por sua vez, cristãos, católicos e evangélicos, não deixam de manifestar práticas e crenças hibridizadas com outras matrizes simbólico-religiosas, e mesmo um intenso trânsito, seja interno ou endógeno, ou seja, entre a diversidade de denominações evangélicas, (pentecostais e neopentecostais), ou externo, exemplificadas pela duplas ou múltiplas pertenças de católicos.
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