Pobreza na Região Metropolitana de Belém sob os enfoques teóricos das capacidades e do espaço social

O objetivo geral deste trabalho é estudar as relações entre pobreza e estrutura social sob as perspectivas monetária e multidimensional para a Região Metropolitana de Belém no período 2000 a 2010. As principais fontes de dados utilizadas foram os microdados dos Censos Demográficos de 2000 e 2010. Na análise multidimensional, os índices de pobreza multidimensional (IPM) foram construídos tomando por base o método de Alkire-Foster (2007, 2009). Para a análise da estrutura social foi utilizada a tipologia elaborada pelo Observatório das Metrópoles que adota a perspectiva bourdieusiana. No primeiro decênio do século XXI, na RMB ocorreu uma expressiva redução na proporção de pobres sob o enfoque da renda. Esta tendência foi observada tanto para o conjunto da RMB, quanto para todos os municípios metropolitanos. A queda dos indicadores de pobreza monetária na RMB acompanhou a tendência nacional ocorrida nos anos 2000 como consequência de condições econômicas e políticas públicas. Ao adotar a multidimensionalidade na análise da pobreza, consegue-se perceber a heterogeneidade existente nas áreas estudadas, conforme advoga Amartya Sen. Comparando os indicadores das duas abordagens, os resultados apontam para níveis mais elevados da pobreza captada pela perspectiva multidimensional, quando comparado com a ótica monetária. Esta situação ocorre para todos os níveis de agregação: regional, municipal e área de ponderação. Os resultados da pobreza multidimensional indicam que houve pequena ampliação na proporção de pobres no conjunto da RMB. Os níveis da pobreza multidimensional apresentados eram muito elevados em comparação com as medias nacionais no período 2000/2010. As políticas públicas que contribuíram para a retirada da condição de pobreza multidimensional de parcela importante da população nacional não parecem ter apresentado os mesmos resultados para a RMB. Em relação a estrutura social da RMB, percebe-se que há um progressivo aumento da população enquadrada em situação de privação à medida que se vai avançando na estrutura social quando se considera os diversos indicadores que compõem o IPM (incidência, intensidade e IPM). A população situada no topo da pirâmide social considerada pobre é significativamente menor do que a que fica na base. Da mesma forma que na análise dos agregados regional e municipais, as dimensões que atuaram de forma a intensificar as privações da população residente na RMB foram a educação e o padrão de vida.